quarta-feira, 3 de outubro de 2012

11ª parte:


Já era tarde e Maria Luz tinha que dormir, mas a pequena virava de um lado ao outro da cama como se estivesse ‘ligada’ na tomada, estava elétrica e o sono não vinha. Maria Luz sentiu falta de alguém naquele dia, seu amigo imaginário não havia aparecido e isso era estranho... Maria Luz levantou-se da cama e com o olhar percorreu dentro do quarto inteiro a procura de seu amigo sussurrando: “-Eiiii amiguinho, cadê você?” Mas tudo foi em vão seu amiguinho imaginário nem se quer apareceu. Maria Luz ficou tão chateada que pensava como seu amigo poderia abandoná-la em um dia tão especial?!

 A pequena menina enfim conseguiu dormir, estava muito cansada...

“-Mariaaaaa!” Gritou sua amiga. “-Acorda Maria, vamos para a escola!” A pequena menininha deu um pulo da cama e saiu correndo pegando tudo pelo caminho, não podia se atrasar para ir à escola.

Ao chegar à escolinha Maria foi direto ao pé de amora, seu amigo imaginário estava lá, sentado no chão como se estivesse esperando alguém colher amoras para ele comer. Maria Luz chegou perto dele e disse fazendo ‘bico’: “- Por que não veio me ver ontem?” seu amigo imaginário olhou bem nos olhos dela e deu uma risada dizendo: “-Por que haveria de vir?” Maria Luz o fitou com um olhar de repreensão e disse: “-Oras, só porque ontem foi um dia especial, o meu aniversário!!!”.

O amigo imaginário sequer olhou para o rosto da pequena menininha e disse: “-O mundo não gira somente ao seu entorno Maria!” e aquilo deixou Maria Luz tão brava que ela virou de costas para ele e disse: “-Pensei que era meu amigo!”. O amigo imaginário não conseguiu segurar e logo soltou uma gargalhada e disse: “Menininha mimada! Eu tive que fazer algumas coisinhas ontem, por isso não consegui vir te ver!”.

Maria virou-se no mesmo momento, sempre tão curiosa olhou para as mãos de seu amiguinho e disse: “-O que tanto você teve que fazer ontem?”.

O amigo imaginário olhou bem no fundo dos olhos da menininha e disse: “-Existem coisas que uma pequena menininha como você não entenderia...”.

Então a menininha perguntou: “- Isso tem haver com esses calos em suas mãos?” E o amigo imaginário apenas olhou para suas mãos e disse: “-Menininha, você repara em tudo hein?! Mas me conte como foi seu dia ontem?”

Maria havia percebido a mudança drástica de assunto e sua curiosidade aumentava ainda mais, mas sabia que ele não iria contar para ela, afinal ele era cheio de mistérios...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

10ª parte:

Maria Luz andou ‘cantarolado’ pela rua e ao chegar em sua pequena casinha encontrou seu avô “metido a mecânico” embaixo do carro todo sujo de óleo, Maria Luz sempre tão divertida chegou bem devagar perto do carro e sussurrou: “- Que dia é hoje???” E seu avô levou um susto que até bateu a cabeça e falou: “- Menina danada! Não sei que dia é hoje, talvez não tenha nada de importante hoje!”. Maria Luz retorceu o nariz e disse: “- Pois o Senhor está ficando muito abusado, como assim hoje não é um dia importante? Hoje ‘só’ é meu aniversário!!!” E o seu avô deu uma gargalhada saindo de baixo do carro dizendo: “- Menininha danada, venha me dar um abraço!!!”. Maria ‘regalou’ seus olhos e saiu correndo dizendo: “- Você não me pega!!!” E saiu dando risada. Seu avô conhecia a ‘peça’ e sabia que se saísse correndo ficaria horas atrás da pequena, afinal aquela pequenina parecia ter rodinhas nos pés, corria rápido e mal o velho avô conseguiria alcança-la. Mas sabia que logo ela voltava dando risada e dizendo que o avô estava velhinho porque nem conseguia alcança-la e ficaria se ‘gabando’ dizendo que era a menina mais rápida do mundo.

Maria Luz parecia ter um folego de gigante, entrou em sua pequena casinha e só foi parar de correr quando viu sua mãe em casa.

“-Mãe??? O que faz aqui?” Perguntou a pequena assustada. E sua mãe sorriu dizendo “- Hoje é um dia especial! Vá chamar sua amiga e venham aqui, vamos fazer o seu bolo!”. Maria Luz sorria feito boba, estava tão feliz que parecia que iria explodir de tanta alegria, afinal nem sempre via sua mãe e só de pensar em passar um tarde inteirinha com sua mãe seus olhos negros já ficavam cheio de brilho.

E foi assim, sorrindo e fazendo graça que a pequena menina passou sua tarde. O bolo já estava pronto, seu pai chegou cansado de tanto trabalhar e a menina logo correu na porta dizendo: “- Paiiii, estava só te esperando, vem comer bolo!”. Assim que todos estavam sentados na mesa Maria Luz recebeu um pacote de presente e logo começou a desembrulhar. A pequena menina havia sido presenteada por seus pais com um caderno de folhas sulfites e uma caixa de lápis de cor, Maria Luz simplesmente deu um suspiro, a menininha adorava desenhar e mesmo parecendo uma maninha estranha Maria Luz cheirou todos os lápis. Seus pais alegraram-se com a empolgação da menininha, era um presente simples, mas era o que “dava” naquele momento para presentear Maria Luz, mal poderiam imaginar a magia que esses lápis iriam causar na vida de Maria Luz.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

9ª parte


Maria Luz acordou com todos em cima dela, seu pai, sua mãe e sua amiga. Todos queriam paparicá-la, era “Maria para cá e Maria para lá”. E Maria adorava toda aquela ‘melação’. O café da manhã foi especial bolacha recheada a vontade! Sua mãe havia prometido que assim que chegasse do serviço faria um lindo bolo para Maria Luz. Sua amiga apertava a pequena menininha, seu pai sorria para a pequena e disse: “- Que tal uma festa de aniversário?”

Maria Luz ficou radiante, mas percebeu o olhar que sua mãe fez em direção ao seu pai, foi um olhar de repreensão e tristeza ele também percebeu e ficou calado e Maria Luz também. Os dois saíram do quarto, mas Maria Luz pode escutar sua mãe dizendo do outro lado da porta: “- ‘Bem’, como você promete isso para Maria? Você sabe que não temos condições para isso!!! Agora a pobre menina vai ficar sonhando com a festa!”

Maria Luz já sabia daquilo tudo, o máximo que poderia receber era um bolo bem caprichado que sua mãe poderia fazer.

Foi para a escola esperando algo de especial, seus coleguinhas de classe cantaram parabéns para ela e a abraçaram e fizeram cartinhas em sua homenagem. Mas, Maria Luz queria chegar logo em casa, quem sabe não teria alguma surpresa por lá?! Passou correndo pelo portão da escola e mal pode perceber que Seu Sebastião estava a esperando: “- Luz, espere garotinha! Tenho uma coisa para você... Tome feliz aniversário Luz que ilumina meu dia!” Seu Sebastião era um homem alto e forte, sua pele era negra como a noite, Maria Luz adorava o velho homem, pois ele tinha um olhar sincero e um abraço apertado. A pequena menininha chegou perto de Seu Sebastião e o velho homem estendeu sua mão para a pequena abrindo-a ‘devagarzinho’ como se quisesse lhe fazer uma surpresa. Quando abriu totalmente sua mão a pequena menininha retorceu o nariz, a mão do velho homem era negra, mas a sua palma clara e cheia de calos com as unhas sujas de terra, Maria não retorceu o nariz pela aparência das mãos do velho homem, mas pelo contraste de ver aquelas mãos rudes segurando uma linda e pequena flor branca.

Maria Luz sorriu e disse: “- Esta flor é linda!” e o velho homem lhe disse: “- Essa flor é do limoeiro que tenho em frente de casa, é simples LUZ, mas hoje pela manhã quando sai de casa percebi que o limoeiro estava cheio de flores e estava tão lindo que logo me lembrei de você pequena”. Maria Luz segurando a flor em uma de suas pequenas mãos olhou para aquele velho homem negro e com a outra mão segurou as grandes mãos do homem e deu-lhe um beijo nos dedos e disse: “- Esse foi o melhor presente que já ganhei!” E logo saiu correndo feito doida, e o velho Seu Sebastião não pode evitar, uma lágrima escorreu de seu olho aquela menininha tinha mesmo uma luz radiante...


terça-feira, 7 de agosto de 2012

8ª parte


“-Sabe... Eu tive um sonho essa noite e sonhei que estávamos voltando para a minha casa, eu não aguento mais ficar aqui, aqui não tem quintal não posso brincar!” E seus olhos negros começaram a brilhar. Sua amiga sentiu pena de Maria Luz, mas logo a animou: “- Ei Maria, manhã é seu aniversário, por que você não pede de presente ao Papai do Céu isso que tanto te atormenta?”.

A menininha logo se animou, seu aniversário era no dia seguinte e quem sabe o Papai do Céu não ouvia o pedido da pobre menininha.

Quando anoiteceu, Maria Luz foi para seu quarto e ajoelhou-se ao lado da cama e segurou firmemente suas mãozinhas pequenas e começou a fazer sua prece: “- Papai do Céu, o Senhor que é o pai do mundo, será que pode fazer um favorzinho para mim? Poderia me presentear com a minha casa de volta?! Lá tem quintal, sabe... Ah, o Senhor conhece a minha casa. Ela é grande e tem um quintal enorme para eu brincar. Eu gosto daqui sabe... Mas não estou tão feliz e minha mãe disse que o Senhor gosta de ver a gente feliz, então... Ahhh e também quero pedir que meus pais fiquem mais tempo comigo, eles nunca estão em casa e quando chegam eu já estou dormindo. Obrigada Papai do Céu que Deus abençoe você! Quer dizer... que você abençoe você... Ah, o Senhor me entendeu né?!” Depois de sua oração Maria Luz deitou em sua cama e nem percebeu que sua mãe havia chegado e que estava espiando pelo vão da porta. Aquilo feriu o coração de sua mãe e sem perceber uma lágrima escorreu sobre o seu rosto.

Havia ficado triste, pois sua pequena Luz estava infeliz... A pequenina nunca entenderia o porquê de toda aquela situação, mas aquele pedido de Luz era o mesmo pedido de sua mãe. Logo amanheceria todos precisavam dormir afinal o próximo dia era o mais esperado de Maria Luz...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

7ª parte

Ao chegar em sua casa Maria Luz pisava com as pontas dos pés, pois não queria fazer barulho seu avô estava embaixo do carro consertando-o, a menininha dava risada e pensava o porquê que o avô dela não comprava logo um carro novo ao invés de ficar consertando todos os dias aquela Brasília velha. O avô de Maria Luz era “metido” a mecânico, consertava tudo que via na frente. Maria Luz amava aquele avô só não gostava de uma coisa: ele não gostava de cachorro, sendo assim a menininha não poderia ter um e isso a magoava muito.

Ao passar pela garagem da casa ia até o corredor ao lado que dava em sua pequena casinha, Maria Luz abria a porta devagarzinho e gritava: “- CHEGUEI!”. Sua amiga pulava de susto e mesmo que acostumada com a cena que Maria Luz fazia todos os dias se assustava, ou fingia se assustar só para ver Maria Luz cair na gargalhada.

Sua amiga logo dizia que sua mãe havia deixado o almoço pronto, as duas almoçavam e logo iriam para a sala em frente a televisão, pois logo começaria o “Castelo Rá Tim Bum” o programa que elas adoravam assistir. Mas aquele dia havia algo de estranho, a melhor amiga de Maria Luz percebeu que a menininha estava ansiosa. E realmente estava, Maria Luz queria muito conversar com sua melhor amiga e incentivada por ela a pequena menininha começou a falar...

domingo, 29 de julho de 2012

6ª parte

Maria Luz sempre foi “meio moleque” subia na árvore, sujava sua roupa toda de barro, saia correndo fingindo que ia voar, na maioria das vezes ficava brincando com seus meninos, mas seu amigo imaginário não gostava muito disso então na maioria das vezes ela ia até o tanque de areia com um baldinho e com os palpites de seu amigo construía um castelo mais lindo que o outro. Ela conversa muito com ele, a pequena parecia uma “tagarela”, algumas menininhas davam risada e dizia “-Maria Maluca!”, mas ela pouco se importava afinal era divertido conversar com seu amigo.

A menininha achava que era uma investigadora, do tipo Sherlock Holmes, seu amigo era seu ajudante e tudo o que ela descobria ele escrevia em seu caderninho de anotações. Ela era cuidadosa e fazia com que ninguém podesse a ver, se escondia e rolava pelo chão e chegava ao seu destino: a cozinha do “parquinho”. A porta sempre estava aberta e as cozinheiras conversando, para entrar na cozinha era preciso subir uma pequena escada com 5 degraus, Maria Luz subia engatinhando, colocava a ponta do nariz primeiro e depois o rosto inteiro no canto inferior da porta. Achava o “máximo”, pois ninguém percebia que ela estava ali e dizia sussurando ao seu amigo: “- descobri a receita mágica, são: dois tomates, uma cebola, uma pitadinha de sal... vamos anote aí!”  e seu amigo anotava. A menininha se “sentia” a maior investigadora do mundo, afinal sempre descobria as receitas secretas das cozinheiras principalmente as que mais gostava de comer.

A manhã terminava e Maria Luz tinha que ir embora, contente saia sorrindo dizendo “- Tchau Seu Sebastião!” ao zelador da escolinha e ele respondia “- Tchau Luz, volte amanhã mais iluminada ainda!”. Maria Luz saia correndo e dando risada, achava engraçado a maneira que Seu Sebastião a chamava: “Luz”. Subia para sua casa pulando e cantando logo se encontraria com sua melhor amiga e tinha uma notícia para lhe dar...

sexta-feira, 27 de julho de 2012

5ª parte

Ao chegar no “parquinho” Maria Luz corria até a sala de aula com sua mochila pesada, Maria Luz levava tudo que pudesse imaginar, não usava tudo que levava na mochila, mas sempre preocupada com o que poderia acontecer a menininha se precavia e mesmo que sua mãe ficasse brava com o peso de sua mochila a menininha não ligava, afinal sua mãe não sabia o que Maria Luz tinha que enfrentar a cada novo dia.

Sempre tão quieta a menininha ia chegando perto de seus coleguinhas de classe, era uma bagunça e ela não compreendia como a professora conseguia ficar naquela sala com um monte de criança gritando feito doido. Ela fazia sua parte, ficando quieta. Desenhava suas aventuras e seus medos, quando tocava o sinal Maria Luz já se aprontava era a hora do lanche. A fila era enorme, ela pegava seu prato e ia sentar na ponta da mesa, comia devagar como se estivesse com preguiça. Logo terminava e já podia esperar a brincadeira, mas antes tinha que usar o banheiro, lavar as mãos e escovar os dentes. Maria Luz achava divertido quando algum dentista ia na escolinha, eles sempre ensinavam “como escovar os dentes” e depois colocava na escova de dente de cada aluno uma pasta da cor vermelha para que ficasse mais fácil ver onde haviam bactérias nos dentes de cada um. E ela fazia graça para os coleguinhas, fingia que era vampiro e que ia morder todo mundo. Apesar de quieta Maria Luz adorava fazer “gracinhas” era dramática e fazia caras e bocas, seus coleguinhas davam risada e logo depois de tanta bagunça logo a menininha se acalmava e ia sentar embaixo do pé de amora.

Nunca estava sozinha, por mais que parecesse, sempre tinha a companhia de seu amigo imaginário ele adorava amora, Maria Luz não, mas a menininha fazia questão de subir na árvore e colher as amoras mais pretinhas do pé e jogava lá de cima para que seu amigo pudesse comer... A professora que sempre via essa cena gritava: “- Mariaaaa, se não for comer amora não jogue no chão!!!”. Maria fingia que não ouvia afinal não ia adiantar nada explicar para a professora que o seu amigo imaginário adorava amora e ela só subia “no pé” para agradá-lo.  Mal sabia Maria Luz que agradar seu amigo não iria fazer com que ele deixasse de um dia lhe causar uma magoa...

terça-feira, 24 de julho de 2012

4ª parte

Maria Luz costumava acordar pela noite, quando acordava percorria com o olhar por todo o quarto, ela tinha medo do escuro, e quando as luzes se apagavam ela fechava os olhos e pensava: “não posso ter medo, não posso ter medo!”, mas aquilo não adiantava e logo ela gritava: “- PAAAAIIIII” e seu pai levantava da cama correndo para acudir a pequena Maria Luz.

Logo voltava a dormir, pela manhã era preguiçosa, acordava “empurrada”. Sua mãe já tinha saído de casa, seu pai logo sairia. Maria Luz acordava e deitava na cama de cabeça para baixo, como se estivesse procurando alguma coisa em baixo da cama, seu pai vinha e falava: “Maria, o que está fazendo?” e ela respondia assustada e com a voz sonolenta que estava procurando seu sapato, mas era mentira a menininha estava dormindo de cabeça para baixo, achava divertida a sensação do “sangue descendo para sua cabeça” como se fosse explodir.

Ia tomar seu café da manhã, sempre na companhia de sua melhor amiga. Depois do café se aproximava do seu pai e pedia para que ele arrumasse seu cabelo, na verdade Maria Luz não gostava muito da maneira que seu pai arrumava seu cabelo afinal ele penteava todo o cabelo para traz e ela ficava parecendo o Elvis Presley, mas adorava aquele momento em que seu pai passava a mão sobre os seus cabelos, era como se ele a abençoasse naquele momento.

Maria Luz logo estava pronta, apesar da preguiça ao acordar, adorava ir para o “parquinho” estudar, era naquele momento que embaixo do pé de amora que conversava com seu amigo imaginário...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

3ª parte:

Maria Luz quando ia dormir ficava olhando no teto de seu quarto apertado 3 X 4, com duas camas, um pequeno guarda-roupa e uma cômoda de madeira cor marfim. Adorava os travesseiros e tinha um jeito peculiar de arrumá-los, colocava-os arrumados por toda a cama, pois quando deitava sobre eles tinha a impressão de estar deitada sobre as nuvens e olhando para o teto acreditava ver as estrelas... E realmente as via, elas eram brilhantes e coloridas, sabia que poderia alcança-las, mas seus bracinhos curtos mal podiam tocá-las. Era assim que dormia todas as noites, cansada de tanto brincar com aquele amigo imaginário, quando deitava sobre os travesseiros pedia para que sua mãe a cobrisse como se fosse um papel de balinha, toda enroladinha para não passar frio. Virava seu rosto para a parede e deitava encolhida no cantinho, sobrava um espaço enorme na cama, afinal era tão pequenininha. Maria Luz deitava no canto da cama para deixar um espaço, ninguém entendia o porquê, mas era para que seu amigo imaginário também pudesse dormir.

Ao fechar os olhos fingia que em sua cama tinha dois botões que quando apertassem-os sua cama receberia uma proteção, como se tivesse dentro de uma bolha e ninguém pudesse entrar ou a cutucar quando ela dormisse... Poderia até ser uma mania estranha, mas na verdade a pequena menininha tinha medo quando dormia, ela mal poderia imaginar, mas aqueles “pesadelos” que tinha explicariam muito sobre ela em seu futuro...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

2ª parte:
Morar naquela casinha não era tão ruim assim, Maria Luz podia brincar, mas tinha que respeitar, pois seus avós que moravam na casa da frente eram senhores de idade e precisavam descansar. A pequena menina queria tanto um cachorrinho, mas seus pais sabiam das dificuldades que aquilo acarretaria e tentavam tirar aquilo de qualquer custo da cabeça da menina, o que era impossível, já que aquela pequena menina era teimosa e persistente.

Ia ao parquinho aprender e se divertir, adorava fazer amigos, mas em sua maioria preferia ficar sozinha conversando com algum amigo imaginário, o que parecia ser muito comum para aquela faixa etária. Quando chegava à sua casinha logo se jogava no chão com folhas em branco e lápis de cor em suas mãozinhas e logo começava a desenhar, costumava desenhar sempre a mesma casa grande com varandas e grandes janelas, com pássaros e borboletas, e , evidentemente, não poderia esquecer de desenhar sempre uma grande árvore ao lado da casa. Mal poderia perceber, mas em seu subconsciente aqueles desenhos representavam seus desejos mais profundos, seus sonhos que seriam realizados...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

1ª parte:
Maria Luz sempre foi uma eterna menina, simplesmente gostava de viver. Sua casa sempre foi sua, mas nos primeiros anos de sua vida a pequena menina não podia brincar no quintal enorme e divertido da sua casa, pois seus pais com outros ideais tiveram que ir morar em outra casinha bem apertadinha que mal dava para ter um animalzinho de estimação. A pequena menina sonhava todas as noites em poder voltar para sua casa de quintal grande e divertido e não entendia o porquê tudo aquilo estava acontecendo, os problemas sempre pareceram ser tão facilmente resolvidos que a pequena menina não compreendia o porquê sua mãe saia tão cedo de casa e só voltava pela noite cansada e mal podia dar atenção para ela. Os tempos eram difíceis e Maria Luz tinha que se acostumar com isso. Mas compreender isso não era tarefa fácil e só depois de alguns anos ela entenderia o porquê disso tudo.